Sonata a Chronos e Janus

Peça de Jorge Antunes para piano solo, composta em 2019 e dedicada a Alexandre Dias. A forma tradicional da Sonata, com seu primeiro movimento do tipo S, é tratada de modo novo, com o uso sistemático da simetria. A linguagem musical eclética utiliza recursos da técnica cromofônica desenvolvida pelo compositor, em que os sons são tratados como cores.

As sessões se sucedem de modo espelhado. Os longos trechos se apresentam sucessivamente, com seus reflexos em que o eixo de simetria é formado pelas notas Si e Si bemol, com linguagens antagônicas: quando o trecho original é atonal, seu reflexo é tonal, e vice-versa. Em outras palavras, as notas Si e Si bemol formam uma espécie de “portal-de-viagem-no-tempo”. Quando a sessão tonal chega nesse portal, e o atravessa, surge do outro lado a sessão com o mesmo perfil, mas com linguagem do futuro atonal. Quando a sessão atonal chega no portal “Si-Si bemol” e o atravessa, surge do outro lado a sessão com o mesmo perfil, mas com linguagem do passado tonal.